
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Ensaio sobre aranhas e formigas
Lhe agradam as aranhas? Ora pois. Outro dia perguntei-me: aranhas comem formigas? Nunca vi aranha alguma com formigas enroladas em sua teia. Algo estranho. Pensei comigo: se eu pegar uma formiga, que carrega seu pequeno pedaço de folha para o formigueiro e atirá-la à aranha, será que esta irá se interessar? Por outro lado, não seria muito justo que eu tirasse uma formiga de seu trabalho e assassinasse-a desse jeito. Afinal de contas, não cabe a mim decidir a vida de pobre formiguinha. No entanto, o inseto não tem esse juízo de valores, até onde se sabe. Logo, ''tanto faz'' para a formiga se eu atirá-la ou não à aranha. Se tivessem as formigas (se não é que tem) tal juízo, sim, seria injusto. Mas ''justo'', é um conceito humano, não pode ser aplicado a formigas ou aranhas. Nem umas nem outras tem consiência do ''bom'' ou do ''mau'', possuem apenas um instito, um impulso. Será? Pego a formiguinha que agora anda singela em minha mão. Tão delicada. Seria correto atirá-la à aranha? Não, não seria. Definitivamente não cabe a mim, por mero capricho, matar tal formiguinha. Não seria justificável. ''Existem tantas formigas no mundo'' disseram, ''que diferença faz matar umazinha ou duas?''. ''Oras - respondo - claro que faz diferença. Se pensarmos segundo o mesmo princípio, assasinatos humanos também seriam justificáveis: 'existem tantos humanos no mundo, que há de acontecer se matar um ou dois deles'?'' O mundo está infestado de humanos, bem como de formigas, que trabalham, constroem, trabalham, trabalham. Tudo isso por um chamado ''bem maior'', que, no caso, seria o formigueiro, a estrutura central que mantém as formigas juntas sob o mesmo ''teto'', por assim dizer. O mundo está infestado de formigas. São tantas, tantas, tantas. Seria melhor se livrássemos o planeta de tal peso.O mundo infesta-se cada vez mais de formigas e de humanos. Não faz mal matar uma só. Pego a formiga. Atiro-a à aranha. Esta, predadora, salta e envolve a formiga em teia. Não lhe serve como alimento, joga a bolinha de teia que foi a formiga fora. Não, humanos não são tão parecidos com formigas, elas vivem em harmonia umas com outras, cooperam, obedecem sempre que lhes cabe, respeitam-se. Humanos não são como formigas, precisamos de mais delas e de menos de nós. Olho para a teia. A aranha coloca-se novamente no centro esperando outra presa, uma mosca, talvez. Olho ao chão, a bolinha de teia. Arrependo-me.

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