terça-feira, 7 de junho de 2011

Amor

Ela está no escuro, no quarto. A janela aberta, uma noite nublada. Nublada como seus olhos, desiludidos. Chora lágrimas doloridas, lágrimas de sangue. Descem o rosto fino e pálido de bochechas outrora rosadas. Chora baixinho, receando que ouçam. O tempo está frio, tanto quanto sua pele branca, o vento entra numa rajada dentro do quarto. Retira os cabelos do rosto. Cai um raio. Vai chover. Abraça com força as pernas encolhidas. Está magra, já de dias sem comer, de meses comendo mal. Descem as lágrimas. É uma noite fria. Dorme finalmente.
No dia seguinte, acorda, já sem angústias no peito. Seu rosto inchado pelas lágrimas, rapidamente volta ao normal, suas faces são novamente rosadas. Come bem novamente. Não é mais frio, lindo amanhecer vê-se pela janela. Sorri. Quer cantar. Rodopiando ela sai, fazendo festinhas e cafunés ao gato, recém-acordado. O vento levanta a saia da camisola, de tanto que ela roda. Parece uma flor. Roda ela de feliz. Passa assim a manhã.
Chegada a tarde, volta ao estado de antes. Abraçada ao gato, cai em prantos, é frio novamente. Por quê? Por quê?
É noite. Faz a si um prato de penne ao pesto. Não ri nem chora. Pensa somente. Dorme depois em meio a desenhos, cobertas e letras de músicas, coberta de devaneios.
Manhã seguinte. Ainda pensativa, anda em círculos. Volta-lhe a angústia. Não lhe restam dúvidas. De certeza, está apaixonada.

Nenhum comentário: