quarta-feira, 23 de março de 2011

-Sem Título-

O doce cheiro dele a invade. Ela não pensava em mais nada. Em nada mais acreditava, nada mais via. Só via ele, chamando. Inútil seria qualquer tentativa de acordá-la das nuvens. Só via ele.
Quando efetivamente se viram, ambos coraram, havia muita gente falando em volta. Ela tinha vergonha de falar. Cada gesto, cada palavra, tinha significado, lembrava uma história, uma piada dos dois, qualquer coisa que fosse. Tudo tinha significado. O doce cheiro dele, que agora está perto, a invade novamente. Por que tanta gente em volta? Por que só não os dois? No dia anterior, roubara-lhe um beijo (ou dois, ou três...). Pensava ela: Aconteceu mesmo? Não fora imaginação? Só pode ser fantaisa. Será? Ela queria que não. Se bem que encontrava-se tão cega que já nem sabia mais distinguir o que realmete acontecera do que ela queria que tivesse acontecido. Queria eternamente estar em seus braços. Receber seus acalentos e beijos. Seria verdade? Seria mesmo? Não, não podia. Era bom demais. Aulas, aulas, aulas. Por que não consegue prestar atenção? Por que só consegue pensar em seu doce cheiro, que a invade? Em seus olhos azuis, que chamam?

sábado, 12 de março de 2011

Manhã de sábado

Naquela manhã, o vento brincava. Andava por aí, bagunçava cabelos, cantava, dançava. Entrava o vento nas casas com janelas abertas, tocava todos os sinos, fazia farfalhar as folhas das árvores. Brincava o vento. Naquela manhã, era cedo, o sol parecia ter acordado de bom-humor. Espreguiçava-se da melhor maneira que podia, provocando um ''amanhecer dramático'', cheio de luzes e cores, cheio de alegria. Numa pequena janelinha em que o vento, brincando, entrara, uma menina jovem acordava. Não era costume, mas naquela manhã, acordava antes dos pais. Ouvia Peer Gynt¹ da maneira mais doce e linda. Balançava a cabeça suavemente ao sabor da música, quase que própria para a ocasião. Fechava os olhos para ouvir melhor. Abria-os novamente, contemplava o amanhecer. Que dia bonito. O vento entra brincando novamente, passa por um pequeno beija-flor de madeira pendurado em sininhos sobre a janela da menina, anunciando que estava lá o vento, brincando. Alguns fechavam as janelas, não a menina. O vento passara para brisa. Que mexia agora delicadamente nos cabelos ruivos dela. Seu rosto, com muitas sardinhas e olhos verdes, fechava-os novamente, para ouvir a música e deixar que a brisa mexesse em seus cabelos encaracolados. Contemplava aquela linda manhã de sábado. Que, tão inexplicavelmente, tão insignificantemente, era maravilhosa, linda, leve, alegre para todos. Naquela manhã, o vento brincava. O vento brincava.

1. Peer Gynt - Obra do compositor lírico Edvard Grieg, aqui segue a parte principal da música, para os que quiserem ouvir.
Beijos

sexta-feira, 11 de março de 2011

Carnaval Veneziano

O Carnaval de Veneza, bem como o do Brasil, é mundialmente conhecido. Apesar de tal, também é muito diferente. Em Veneza ninguém samba no Carnaval, ninguém ouve marchinhas, nem segue blocos. Os venezianos, no Carnaval, usam majestosas máscaras diferentes das nossas, com detalhes dourados, plumas, entre outros enfeites, muitas vezes com estampas de partituras e notas musicais. Possuem eles, um ritual de dança, que inclui roupas específicas para a ocasião, imensas fantasias com vários tipos de panos, detalhes, etc. Como sei disso? Sei disso porque sou um gato. Um gato veneziano que adora assistir ao Carnaval. Já me falaram muito do Carnaval brasileiro, deve ser lindo.Um dia ainda vou para lá. Acho que é uma das únicas épocas do ano em que as pessoas sorriem, dançam, esquecem suas diferenças e preconceitos, e tudo o mais. Enfim, nós, gatos, também festejamos o Carnaval aqui em Veneza. É muito divertido: pescamos alguns peixes no canal e os preparamos de um jeito ótimo. É esse o nosso ''banquete'' de Carnaval. Também daçamos muito como os humanos. Chegada a noite, cantamos para a lua, e, por fim, vemos os humanos desfilarem. Pena que dure tão pouco o feriado de Carnaval. Fora o Natal, acho que é raro as pessoas se ajudarem, serem solidárias umas com as outras, se protegerem e sorrirem e festejarem e dançarem sem motivo. Assim sendo, acho que poderia ser Carnaval o ano inteiro. Não pelas festas, mas pelos sentimentos.
Feliz Carnaval!