Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
domingo, 9 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
De:Jorge Para:Aline
Aline, querida ex-aluna.
Me lembro muito bem de você. Da sua personalidade e do seu jeito engraçado, embora não do seu rosto. Você se mudou para o Rio? Achei que fosse para São Paulo. Bom, devo ter confundido. O que ando lendo? Olha, são tantos os livros acadêmicos que tenho que ler para o trabalho que acho que quase não sobra tempo para os contos e crônicas. Quanto a eles, partilho de sua opinião. Há alguns realmente muito bons, embora eu não os escreva como você. Mas um livro realmente bom que eu estou lendo e recomendo, é "Intermitência da morte" do Saramago. Muito bom. Outro dele muito bom também é "Ensaio sobre a cegueira", mas este é um pouco angustiante e até assustador, acho melhor você deixá-lo para mais tarde. "Guerra e Paz" do Leo Tolstoy é também um livro fantástico. Mas também acho que deve ler mais um pouco antes de chegar neste. Quanto à preocupação do e-mail, sim, sou eu o Jorge, porfessor de Alemão e Prtuguês do Sinodal. Por aqui vai tudo bem, monótono, mas bem. Muito bom te reencontrar, Aline. Eu nunca fui ao Rio, mas quando for, procurarei fazer-te uma pequena visita.
Abraços
o grande professor Jorge.
Me lembro muito bem de você. Da sua personalidade e do seu jeito engraçado, embora não do seu rosto. Você se mudou para o Rio? Achei que fosse para São Paulo. Bom, devo ter confundido. O que ando lendo? Olha, são tantos os livros acadêmicos que tenho que ler para o trabalho que acho que quase não sobra tempo para os contos e crônicas. Quanto a eles, partilho de sua opinião. Há alguns realmente muito bons, embora eu não os escreva como você. Mas um livro realmente bom que eu estou lendo e recomendo, é "Intermitência da morte" do Saramago. Muito bom. Outro dele muito bom também é "Ensaio sobre a cegueira", mas este é um pouco angustiante e até assustador, acho melhor você deixá-lo para mais tarde. "Guerra e Paz" do Leo Tolstoy é também um livro fantástico. Mas também acho que deve ler mais um pouco antes de chegar neste. Quanto à preocupação do e-mail, sim, sou eu o Jorge, porfessor de Alemão e Prtuguês do Sinodal. Por aqui vai tudo bem, monótono, mas bem. Muito bom te reencontrar, Aline. Eu nunca fui ao Rio, mas quando for, procurarei fazer-te uma pequena visita.
Abraços
o grande professor Jorge.

De:Aline Para:Jorge
Oi Jorge. Não sei se você ainda lembra de mim, fui sua aluna na 6a. série. Você me dava aulas de português. Achei o seu email por acaso e fiquei com saudades. Pode ser também que eu esteja escrevendo para o Jorge errado. Se você não fizer a mínima ideia do que eu estiver falando, me desculpe, eu devo ter confundido o email. Mas e então? Como está você? Eu estou morando no Rio de Janeiro. Acho que vou morar por aqui por um bom tempo. A cidade é linda, vale a pena conhecer (já esteve no Rio?). Eu continuo adorando aulas de português. Adoro escrever contos e crônicas, mas, infelizmente só nos mandam escrever dissertações por aqui. Textos acadêmicos sem um pingo de fantasia nem criatividade. Não gosto muito deles. O que você anda lendo? Digo, lendo por interesse, como passatempo. Eu estou, no momento, completamente me entregando aos encantos de Sir Arthur Conan Doyle. Estou no segundo livro de Sherlock Holmes e não consigo nem respirar enquanto não terminar. Paralelamente a isso, leio também e adoro os livros de Ítalo Calvino. Li ano passado, pela primeira vez, 'O Visconde partido ao meio'. Adorei. Estou lendo agora dele 'O Barão nas árvores'. e 'O Cavaleiro inexistente' já está na minha lista de leitura para as férias. Se você tiver alguma recomentação literária pra mim, adoraria.
Bom, acho que é isso o que eu ando fazendo da minha vida no momento. Lendo, escrevendo crônicas, ah, e desenhando muito. Não sei se você lembra, mas você me chamava a atenção mil vezes durante a aula pra eu parar de desenhar. Hehe, eram muito legais as suas aulas, sinto saudades do meu grande professor Jorge.
Abraços e muitas saudades
Aline
PS.: Lembrando, se você não é o Jorge, professor de Alemão e Português do sinodal e não fizer ideia do que eu escrevi acima, peço mil desculpas, pois, na lista que eu recebi, tinham pelo menos três emails com o nome "Jorge@sinodal".
Bom, acho que é isso o que eu ando fazendo da minha vida no momento. Lendo, escrevendo crônicas, ah, e desenhando muito. Não sei se você lembra, mas você me chamava a atenção mil vezes durante a aula pra eu parar de desenhar. Hehe, eram muito legais as suas aulas, sinto saudades do meu grande professor Jorge.
Abraços e muitas saudades
Aline
PS.: Lembrando, se você não é o Jorge, professor de Alemão e Português do sinodal e não fizer ideia do que eu escrevi acima, peço mil desculpas, pois, na lista que eu recebi, tinham pelo menos três emails com o nome "Jorge@sinodal".

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Táxi
-Para onde, senhora?
- Rua 1 de Março n° 37, por favor.
-Certamente.
(23 minutos depois, nenhuma palavra trocada entre o taxista e sua passageira)
- Chegamos, madame. Ajuda com a mala?
-Não, não precisa. Eu levo. Obrigada, senhor. Aqui, o dinheiro. Pode ficar com o troco.
-Obrigado, senhora. Boa tarde.
-Boa tarde.
(Outros passageiros, um casal)
-O táxi está livre?
-Está sim. Para onde os levo?
-Bairro Jardim Florença, em frente ao café.
-Certo.
-O dia está bonito, não é?
-Está sim -responde o taxista- até ontem chovia, mas agora parece que vai ficar ensolarado até sexta.
-Que bom, vamos passar o fim de semana na praia, né amor?
-Sim, minha linda. Será que a Ana Adelaide não se importa que fiquemos com a casa dela por esses tempos?
-Claro que não. Ela vai viajar amanhã, lembra?
-Ela tinha dito que podíamos 'pegar a casa emprestado', eu sei. Mas mesmo assim...
-Ah, você se preocupa de mais. Relaxa, amor. Vai dar tudo certo. Moço, pode deixar agente aqui.
-Ok.
-Aqui, quanto ficou?
-Vinte e cinco e cinquenta.
-Tá bem, vinte e cinco e cinquenta. Amor, você tem vinte centavos?
-Hmmm, não tenho não.
-Eu só tenho vinte e cinco e trinta aqui. Tudo bem, moço?
-Tudo, não esquenta com isso
-Tá certo então
-Tchau moço, boa tarde.
-Boa tarde, boa estadia na praia.
-Muito obrigado.
-Tchau.
-Tchau.
(Uma mãe e uma filha. Esta chorando desoladamente)
-Calma, querida. tá tudo bem, mamãe tá aqui.
-Pra onde, senhora?
-Para o centro. Em frente ao museu histórico.
-Ok.
(a menina continuava a chorar)
-Calma, meu amor. Vai passar.
-O que houve, senhora?
-Ah, ela caiu e ralou o joelho. Tadinha, parece que o corte foi fundo.
-Senhora, se a senhora conseguir alcançar, no porta-luvas eu acho que tem um pacote de band-aids que pode ajudar.
-Onde?
-No porta-luvas. Não posso tirar a mão do volante, mas se a senhora conseguir pegar...
-Tá certo.
-Ei, calma, mocinha -o taxista para a menina- o que aconteceu?
-Eu tava antando ... -a menina, entre soluços- eu tava andando na rua, daí eu cai no chão e fiz esse machucado.
-Hummm. Mas você tem sorte, deveria estar feliz.
-Porque?
-Porque você tem a sua mãe aqui para te ajudar no que você precisar sempre. E mais, sempre que agente cai, agente tem que saber se levantar e aprender a não cair mais. E se cair denovo, agente levanta de novo. Qual é o seu nome, mocinha?
-Marina -a menina já parava de chorar
-E você já sabe ler, Marina?
-Não, ainda não.
-Bom, então pede pra sua mãe ler um livro pra você chamado 'Poliana'. É a história de uma menina que nem você. A Poliana ensina os outros a sempre ser feliz e ver o lado bom das coisas. É uma história muito bonita.
-Ah, achei os band-aids -disse a mãe
-Aqui, filinha, deixa que a mamãe põe pra você.
-Mamãe, lê Poliana pra mim?
-Poliana? É uma historia linda, eu li quando era pequena.
-O moço falou que é uma menina que nem eu e ela ensina as pessoas a serem felizes.
-É isso mesmo. O senhor conhece Poliana?
-Conheço sim senhora. É uma das histórias mais bonitas que eu já li. Bem, acho que as senhoritas ficam aqui.
-Ficamos sim. Muito obrigada. Aqui o dinheiro.
-Obrigado, senhora. Boa tarde.
-Boa tarde.
-Ah, Marina, não se esquece do que eu te falei, tá? Sempre que agente cai...?
-Agente levanta e aprende a ser feliz não cair mais.
-Isso mesmo. Tchau! Até mais.
-Tchau moço.
(Saem as duas, a menina agora rindo e pulando, de mãos dadas com a mãe)
-Linda menina, um doce de criança -comenta para si mesmo
-Alô Táxi 00604 -chama o walkie-talkie
-Alô, estou aqui.
-Temos um passageiro na zona oeste para ser levado ao aeroporto internacional. o endereço exato vai ser enviado pelo GPS.
-Certo, estou indo.
(O táxi demora alguns minutos para chegar, quando chega, um homem grisalho com duas malas a seu lado faz o sinal para o Taxi parar)
-Boa tarde, senhor. Deixa que eu levo as malas.
-Obrigado. Quanto fica daqui ao aeroporto?
-Acho que uns trinta e cinco, por ai. Mas eu cobro o que der no taximetro.
-Ta bem.
-Prefere que eu pegue a Santos Dumont, ou passe pela 5 de Maio?
-Pega a Santos Dumont, tem menos transito a essa hora.
-Ok.
-O senhor viaja pra onde?
-Vou passar uma semana em Barcelona para um congresso de medicina.
-Hmm. Interessante. O senhor trabalha em que area?
-Genetica.
-Entendo. Qual o seu nome, senhor? Acho que o reconheço de algum lugar...
-Meu nome e Marco-Antonio Dantas.
-Oh, sim. O conheço. Minha afilhada fez uma pesquisa junto com o senhor. Ela trabalha no mesmo lugar.
-Sua afilhada e a Ana Isabel?
-Isso mesmo.
-Ah, sim. Conheço ela. Um amor de menina, muito simpatica.
-A Ana fala muito do senhor. Diz que e inteligente, estudado, muito simpatico tambem. Ela diz que tem inveja da sua familia por ter alguem tao especial.
-E, antes fosse. Moro sozinho. Minha vida se resume ao meu trabalho mesmo.
-O senhor nunca quis se casar? Ter alguma companhia, entende?
-Querer eu sempre quis, mas nunca achei ninguem de quem gostasse.
-Que pena. O senhor deveria pensar nisso. Se nao quiser ir muito rapido, compre um cachorro. E uma otima companhia. Eu por exemplo, moro assim por anos da minha vida assim.
-Sim, sim. E que eu viajo muito, nem tem como cuidar de um cachorro com a vida que eu tenho.
-Entendo. Bem, quando o senhor voltar do congresso, fale comigo. Meu telefone esta no cartao do taxi ai atras. Eu tenho alguns amigos de quem o senhor com certeza vai adorar. Sao gente muito boa. Agente combina de sair um dia desses.
-Sera um prazer. Ah, eu fico aqui. Obrigado.
-De nada.
-Quanto deu?
-Vinte e quatro e sessenta.
-Humm. Aqui esta.
-Obrigado. Boa viagem, senhor Dantas.
-Obrigado, ate mais.
-Ate.
(sai o passageiro do taxi, o taxista faz o retorno e pega o caminho para o centro novamente. Começa a escurecer.)
(Meia hora depois, um grupo de pessoas chama o taxi)
-Boa noite. Para onde?
-Ah, sei la!
-Sei la nada -responde outro- agente nao ia para a praça da alvorada?
-De onde agente ia para a praça? Agente ia e para o centro.
-Shhhhhhhh!!! Nao façam barulho eles podem ouvir -diz um terceiro.
-Eles quem?
-Po, nao faco ideia, mas eles podem ouvir mesmo assim.
(Caem todos na risada. O taxista observava atentamente a conversa do grupo. Visivelmente estavam todos bebados)
-Com licenca, para onde os senhores vao?
-Para a casa do Fabio! -diz um.
-E. Para a casa do Fabio -responde o outro.
-Onde fica a casa do Fabio? -Pergunta o taxista.
-Rua Rosas de Mello, n°334.
(Pelo caminho, o taxista nao troca um palavra com o grupo. Ja eles, conversam, berram, dancam, brigam, riem.)
-Aqui, chegamos -diz o taxista.
-Beleza. Vem gente.
(Todos sairam do taxi e correram em direçao a casa.)
-Espera! Falta o dinheiro! -Gritava o pobre taxista.
-Aeh! Ta aqui, toma.
-Ok. Aqui o troco.
(Nem adiantava mais. O grupo ja estava longe.)
-Ei! O troco! Faltou o troco!
(O grupo ignorou. O taxista tentou correr atras deles, inutilmente)
(Agora dirigindo pelas ruas vazias, o taxista ligou o walkie-talkie)
-Alo. Aqui e o taxi 00604. Algum trabalho pra mim?
-Alo taxi 00604. Nao, acho que nao. Essa hora a cidade nao tem muita gente. Pode ir pra casa.
(Voltando para casa, o taxista encontra uma mulher atravessando a rua com as maos no rosto. Chorando. O taxi freia violentamente procurando nao atingir a mulher. O taxista para o carro ao lado dela.)
-Ei, moça. E perigoso atravessar a rua assim. Pode acontecer um acidente. Tome cuidado, viu?
-E o que você tem haver com isso? -pergunta violentamente a mulher.
-Nada absolutamente nada, so me preocupei com a senhorita.
-E quem disse que eu preciso da preocupaçao alheia? Se um carro me atropelasse, seria otimo!
-Nao, nao diga isso. Que coisa horrivel de se dizer.
-E isso mesmo.
-Mas porque a senhorita esta tao nervosa? O que aconteceu?
-Ah, N...Nada. Nao e da sua conta.
-Ta bem, se nao quiser falar, nao precisa. Escuta, se quiser, eu estou indo para a zona leste. Posso lhe oferecer uma carona.
-Nao, obrigada. -responde a moça, secamente.
-Ta bem, entao. Se cuide. Boa noite.
(Assim que o taxi arrancou e andou alguns poucos metros. a mulher comecou a correr atras dele, gritando)
-Ei! Espera! Para o carro!
-Que foi, senhorita?
-Mudei de ideia, quero a carona sim. Pode parar perto do teatro municipal. Moro la perto.
-Certamente.
-Moço...
-Sim, senhorita?
-Porque me ofereceu a carona?
-Porque você parece um pouco nervosa, quis ajudar de alguma maneira.
-Mas porque?
-Como assim?
-Porque voce esta me ajudando, assim, de graca?
-Porque nao deveria? Tudo que você faz de bom para os outros, volta pra você. Bem como tudo o que voce faz de mal para os outros tambem volta.
-Ah, tomara que isso seja verdade.
-Porque, senhorita?
-Eu estava voltando pra casa com uma amiga minha quando vieram uns caras e nos assaltaram. Levaram minha bolsa, meu carro, meu dinheiro, minha chave, tudo. Nem sei mais o que fazer.
-Ei, calma, senhorita. Tem uma delegacia aqui perto. Se quiser, eu te deixo la para prestar queixa.
-Você faria isso?
-Com certeza, e aqui perto. Ja estamos chegando.
(minutos depois)
-Chegamos.
-Obrigada.
-Disponha. Se quiser, eu te espero aqui para te levar para casa depois.
-Ai, muito obrigada moço, nem sei como agradecer.
(alguns minutos depois, a mulher sai da delegacia)
-Eles disseram que assim que tiverem noticia dos meus pertences, eles ligam.
-Que bom. Aposto que eles acham tudo em menos de uma semana.
-Tomara.
-A senhora mora aonde, exatamente?
-Do lado do teatro municipal, e um preido amarelo.
-Aquele ai?
-Sim, sim. Aquele. Muito obrigada, moço, nem sei o que dizer.
-De nada, que isso. Sempre que precisar, estou as ordens, senhorita.
-Obrigada, boa noite.
-Boa noite.
O taxista chega em casa, tira os sapatos. O cachorro vem fazer-lhe festinhas saudando sua chegada, como de costume. O taxista, faz carinho no cachorro, vai a cozinha, pega uma xicara de café. Liga a TV, assiste a alguns programas, tesliga a TV, toma um banho, poe os chinelos. Comeca a chover. O taxista desliga as luzes, vai dormir. O cachorro o acorda, aterrorisado com os relampagos. O dono o acaricia, o acalma, e volta a dormir.
-Tenho que trocar de profissao -pensava- Fico cheio de angustias com os meus passageiros, sera que essa chuva vai estragar o fim de semana do casal que ia para a praia? Sera que a mae da Marina leu Poliana para ela? Sera que ela gostou? E se o senhor Dantas ficar o resto de sua vida sozinho? Que triste. Os jovens bebados, sera que ficaram bem? A senhorita da bolsa, tomara que consiga recuperar tudo o que perdeu.
E foi pensando nisso que o taxista, homem preocupado, homem honesto, homem bom, pegou no sono e dormiu.
PS.: Por favor, nao reparem na falta de acentuacao no conto. O Computador em que este foi escrito é estrangeiro. Na verdade, ocomputador tem alguns criterios (ate agora por mim desconhecidos) de selecao meio malucos. Ele acentua algumas palavras automaticamente, mas outras ele simplesmente ignora. Ainda nao entendi a ideolocia dessa maquina aqui, mas enfim. Nao reparem por favor.
Beijos
- Rua 1 de Março n° 37, por favor.
-Certamente.
(23 minutos depois, nenhuma palavra trocada entre o taxista e sua passageira)
- Chegamos, madame. Ajuda com a mala?
-Não, não precisa. Eu levo. Obrigada, senhor. Aqui, o dinheiro. Pode ficar com o troco.
-Obrigado, senhora. Boa tarde.
-Boa tarde.
(Outros passageiros, um casal)
-O táxi está livre?
-Está sim. Para onde os levo?
-Bairro Jardim Florença, em frente ao café.
-Certo.
-O dia está bonito, não é?
-Está sim -responde o taxista- até ontem chovia, mas agora parece que vai ficar ensolarado até sexta.
-Que bom, vamos passar o fim de semana na praia, né amor?
-Sim, minha linda. Será que a Ana Adelaide não se importa que fiquemos com a casa dela por esses tempos?
-Claro que não. Ela vai viajar amanhã, lembra?
-Ela tinha dito que podíamos 'pegar a casa emprestado', eu sei. Mas mesmo assim...
-Ah, você se preocupa de mais. Relaxa, amor. Vai dar tudo certo. Moço, pode deixar agente aqui.
-Ok.
-Aqui, quanto ficou?
-Vinte e cinco e cinquenta.
-Tá bem, vinte e cinco e cinquenta. Amor, você tem vinte centavos?
-Hmmm, não tenho não.
-Eu só tenho vinte e cinco e trinta aqui. Tudo bem, moço?
-Tudo, não esquenta com isso
-Tá certo então
-Tchau moço, boa tarde.
-Boa tarde, boa estadia na praia.
-Muito obrigado.
-Tchau.
-Tchau.
(Uma mãe e uma filha. Esta chorando desoladamente)
-Calma, querida. tá tudo bem, mamãe tá aqui.
-Pra onde, senhora?
-Para o centro. Em frente ao museu histórico.
-Ok.
(a menina continuava a chorar)
-Calma, meu amor. Vai passar.
-O que houve, senhora?
-Ah, ela caiu e ralou o joelho. Tadinha, parece que o corte foi fundo.
-Senhora, se a senhora conseguir alcançar, no porta-luvas eu acho que tem um pacote de band-aids que pode ajudar.
-Onde?
-No porta-luvas. Não posso tirar a mão do volante, mas se a senhora conseguir pegar...
-Tá certo.
-Ei, calma, mocinha -o taxista para a menina- o que aconteceu?
-Eu tava antando ... -a menina, entre soluços- eu tava andando na rua, daí eu cai no chão e fiz esse machucado.
-Hummm. Mas você tem sorte, deveria estar feliz.
-Porque?
-Porque você tem a sua mãe aqui para te ajudar no que você precisar sempre. E mais, sempre que agente cai, agente tem que saber se levantar e aprender a não cair mais. E se cair denovo, agente levanta de novo. Qual é o seu nome, mocinha?
-Marina -a menina já parava de chorar
-E você já sabe ler, Marina?
-Não, ainda não.
-Bom, então pede pra sua mãe ler um livro pra você chamado 'Poliana'. É a história de uma menina que nem você. A Poliana ensina os outros a sempre ser feliz e ver o lado bom das coisas. É uma história muito bonita.
-Ah, achei os band-aids -disse a mãe
-Aqui, filinha, deixa que a mamãe põe pra você.
-Mamãe, lê Poliana pra mim?
-Poliana? É uma historia linda, eu li quando era pequena.
-O moço falou que é uma menina que nem eu e ela ensina as pessoas a serem felizes.
-É isso mesmo. O senhor conhece Poliana?
-Conheço sim senhora. É uma das histórias mais bonitas que eu já li. Bem, acho que as senhoritas ficam aqui.
-Ficamos sim. Muito obrigada. Aqui o dinheiro.
-Obrigado, senhora. Boa tarde.
-Boa tarde.
-Ah, Marina, não se esquece do que eu te falei, tá? Sempre que agente cai...?
-Agente levanta e aprende a ser feliz não cair mais.
-Isso mesmo. Tchau! Até mais.
-Tchau moço.
(Saem as duas, a menina agora rindo e pulando, de mãos dadas com a mãe)
-Linda menina, um doce de criança -comenta para si mesmo
-Alô Táxi 00604 -chama o walkie-talkie
-Alô, estou aqui.
-Temos um passageiro na zona oeste para ser levado ao aeroporto internacional. o endereço exato vai ser enviado pelo GPS.
-Certo, estou indo.
(O táxi demora alguns minutos para chegar, quando chega, um homem grisalho com duas malas a seu lado faz o sinal para o Taxi parar)
-Boa tarde, senhor. Deixa que eu levo as malas.
-Obrigado. Quanto fica daqui ao aeroporto?
-Acho que uns trinta e cinco, por ai. Mas eu cobro o que der no taximetro.
-Ta bem.
-Prefere que eu pegue a Santos Dumont, ou passe pela 5 de Maio?
-Pega a Santos Dumont, tem menos transito a essa hora.
-Ok.
-O senhor viaja pra onde?
-Vou passar uma semana em Barcelona para um congresso de medicina.
-Hmm. Interessante. O senhor trabalha em que area?
-Genetica.
-Entendo. Qual o seu nome, senhor? Acho que o reconheço de algum lugar...
-Meu nome e Marco-Antonio Dantas.
-Oh, sim. O conheço. Minha afilhada fez uma pesquisa junto com o senhor. Ela trabalha no mesmo lugar.
-Sua afilhada e a Ana Isabel?
-Isso mesmo.
-Ah, sim. Conheço ela. Um amor de menina, muito simpatica.
-A Ana fala muito do senhor. Diz que e inteligente, estudado, muito simpatico tambem. Ela diz que tem inveja da sua familia por ter alguem tao especial.
-E, antes fosse. Moro sozinho. Minha vida se resume ao meu trabalho mesmo.
-O senhor nunca quis se casar? Ter alguma companhia, entende?
-Querer eu sempre quis, mas nunca achei ninguem de quem gostasse.
-Que pena. O senhor deveria pensar nisso. Se nao quiser ir muito rapido, compre um cachorro. E uma otima companhia. Eu por exemplo, moro assim por anos da minha vida assim.
-Sim, sim. E que eu viajo muito, nem tem como cuidar de um cachorro com a vida que eu tenho.
-Entendo. Bem, quando o senhor voltar do congresso, fale comigo. Meu telefone esta no cartao do taxi ai atras. Eu tenho alguns amigos de quem o senhor com certeza vai adorar. Sao gente muito boa. Agente combina de sair um dia desses.
-Sera um prazer. Ah, eu fico aqui. Obrigado.
-De nada.
-Quanto deu?
-Vinte e quatro e sessenta.
-Humm. Aqui esta.
-Obrigado. Boa viagem, senhor Dantas.
-Obrigado, ate mais.
-Ate.
(sai o passageiro do taxi, o taxista faz o retorno e pega o caminho para o centro novamente. Começa a escurecer.)
(Meia hora depois, um grupo de pessoas chama o taxi)
-Boa noite. Para onde?
-Ah, sei la!
-Sei la nada -responde outro- agente nao ia para a praça da alvorada?
-De onde agente ia para a praça? Agente ia e para o centro.
-Shhhhhhhh!!! Nao façam barulho eles podem ouvir -diz um terceiro.
-Eles quem?
-Po, nao faco ideia, mas eles podem ouvir mesmo assim.
(Caem todos na risada. O taxista observava atentamente a conversa do grupo. Visivelmente estavam todos bebados)
-Com licenca, para onde os senhores vao?
-Para a casa do Fabio! -diz um.
-E. Para a casa do Fabio -responde o outro.
-Onde fica a casa do Fabio? -Pergunta o taxista.
-Rua Rosas de Mello, n°334.
(Pelo caminho, o taxista nao troca um palavra com o grupo. Ja eles, conversam, berram, dancam, brigam, riem.)
-Aqui, chegamos -diz o taxista.
-Beleza. Vem gente.
(Todos sairam do taxi e correram em direçao a casa.)
-Espera! Falta o dinheiro! -Gritava o pobre taxista.
-Aeh! Ta aqui, toma.
-Ok. Aqui o troco.
(Nem adiantava mais. O grupo ja estava longe.)
-Ei! O troco! Faltou o troco!
(O grupo ignorou. O taxista tentou correr atras deles, inutilmente)
(Agora dirigindo pelas ruas vazias, o taxista ligou o walkie-talkie)
-Alo. Aqui e o taxi 00604. Algum trabalho pra mim?
-Alo taxi 00604. Nao, acho que nao. Essa hora a cidade nao tem muita gente. Pode ir pra casa.
(Voltando para casa, o taxista encontra uma mulher atravessando a rua com as maos no rosto. Chorando. O taxi freia violentamente procurando nao atingir a mulher. O taxista para o carro ao lado dela.)
-Ei, moça. E perigoso atravessar a rua assim. Pode acontecer um acidente. Tome cuidado, viu?
-E o que você tem haver com isso? -pergunta violentamente a mulher.
-Nada absolutamente nada, so me preocupei com a senhorita.
-E quem disse que eu preciso da preocupaçao alheia? Se um carro me atropelasse, seria otimo!
-Nao, nao diga isso. Que coisa horrivel de se dizer.
-E isso mesmo.
-Mas porque a senhorita esta tao nervosa? O que aconteceu?
-Ah, N...Nada. Nao e da sua conta.
-Ta bem, se nao quiser falar, nao precisa. Escuta, se quiser, eu estou indo para a zona leste. Posso lhe oferecer uma carona.
-Nao, obrigada. -responde a moça, secamente.
-Ta bem, entao. Se cuide. Boa noite.
(Assim que o taxi arrancou e andou alguns poucos metros. a mulher comecou a correr atras dele, gritando)
-Ei! Espera! Para o carro!
-Que foi, senhorita?
-Mudei de ideia, quero a carona sim. Pode parar perto do teatro municipal. Moro la perto.
-Certamente.
-Moço...
-Sim, senhorita?
-Porque me ofereceu a carona?
-Porque você parece um pouco nervosa, quis ajudar de alguma maneira.
-Mas porque?
-Como assim?
-Porque voce esta me ajudando, assim, de graca?
-Porque nao deveria? Tudo que você faz de bom para os outros, volta pra você. Bem como tudo o que voce faz de mal para os outros tambem volta.
-Ah, tomara que isso seja verdade.
-Porque, senhorita?
-Eu estava voltando pra casa com uma amiga minha quando vieram uns caras e nos assaltaram. Levaram minha bolsa, meu carro, meu dinheiro, minha chave, tudo. Nem sei mais o que fazer.
-Ei, calma, senhorita. Tem uma delegacia aqui perto. Se quiser, eu te deixo la para prestar queixa.
-Você faria isso?
-Com certeza, e aqui perto. Ja estamos chegando.
(minutos depois)
-Chegamos.
-Obrigada.
-Disponha. Se quiser, eu te espero aqui para te levar para casa depois.
-Ai, muito obrigada moço, nem sei como agradecer.
(alguns minutos depois, a mulher sai da delegacia)
-Eles disseram que assim que tiverem noticia dos meus pertences, eles ligam.
-Que bom. Aposto que eles acham tudo em menos de uma semana.
-Tomara.
-A senhora mora aonde, exatamente?
-Do lado do teatro municipal, e um preido amarelo.
-Aquele ai?
-Sim, sim. Aquele. Muito obrigada, moço, nem sei o que dizer.
-De nada, que isso. Sempre que precisar, estou as ordens, senhorita.
-Obrigada, boa noite.
-Boa noite.
O taxista chega em casa, tira os sapatos. O cachorro vem fazer-lhe festinhas saudando sua chegada, como de costume. O taxista, faz carinho no cachorro, vai a cozinha, pega uma xicara de café. Liga a TV, assiste a alguns programas, tesliga a TV, toma um banho, poe os chinelos. Comeca a chover. O taxista desliga as luzes, vai dormir. O cachorro o acorda, aterrorisado com os relampagos. O dono o acaricia, o acalma, e volta a dormir.
-Tenho que trocar de profissao -pensava- Fico cheio de angustias com os meus passageiros, sera que essa chuva vai estragar o fim de semana do casal que ia para a praia? Sera que a mae da Marina leu Poliana para ela? Sera que ela gostou? E se o senhor Dantas ficar o resto de sua vida sozinho? Que triste. Os jovens bebados, sera que ficaram bem? A senhorita da bolsa, tomara que consiga recuperar tudo o que perdeu.
E foi pensando nisso que o taxista, homem preocupado, homem honesto, homem bom, pegou no sono e dormiu.
PS.: Por favor, nao reparem na falta de acentuacao no conto. O Computador em que este foi escrito é estrangeiro. Na verdade, ocomputador tem alguns criterios (ate agora por mim desconhecidos) de selecao meio malucos. Ele acentua algumas palavras automaticamente, mas outras ele simplesmente ignora. Ainda nao entendi a ideolocia dessa maquina aqui, mas enfim. Nao reparem por favor.
Beijos

sábado, 1 de janeiro de 2011
Fogos de artifício
Numa praia de Copacabana, dia último do ano. Era difícil reconhecer quem quer que fosse no meio te tanta gente de branco. Estimava se o número de 2 milhões de pessoas ali juntas, num único aglomerado entre o calçadão e o mar. Iemanjá dava a todos o ar de sua graça. De quando em vez, molhava uns e outros com enormes ondas. A Deusa das águas enfeitava-se se cobrindo de rosas, palmas brancas, lírios e copos-de-leite que lhe eram oferecidos. Na areia, próximo ao mar, um pai e uma filha, de aparentes quatro anos e cabelos cacheados. Ele levando-a carinhosamente e segurando-a pela mão, perguntava se conseguia ver algo. Triste, a menina respondeu que não. O pai então, num ato quase de super-herói, pegou a filha no colo e colocou-a sobre os ombros. A menina agradecia beijando-lhe a testa. Perto deles, um casal com um cachorro. Ambos felizes, comemorando o novo início. O cachorro pulava nos dois, contaminado pela felicidade. Latia, espalhava areia, lambia, pulava nos dois, que riam da vida. Um grupo de jovens, sob efeito do álcool, cantava, se abraçava, ria. Eram cerca de seis ou sete os adolescentes. Reparavam numa menina sentada na areia perto deles. Ela parecia triste, quase chorava. Se juntaram a ela, convidaram gentilmente para festejar com eles. Ela foi. Começaram a conversar, tornaram-se amigos e logo riam juntos. E foi nesse encanto, nessa junção de várias situações de pessoas estranhas, comemorando juntas, algumas pagavam promessas, outras bebiam, várias se abraçavam. Todas as luzes se apagaram. Os postes, prédios, holofotes, tudo. As balsas, no meio do Oceano Atlântico, costeando a praia de Nossa Senhora de Copacabana, começaram a explosão. O céu, antes escuro, cinzento e nublado, agora via-se iluminado pelos fogos coloridos. Alguns tinham o formato de coração, outros, de carinhas sorridentes, outros, eram apenas fogos de artifício normais. Normais, porém mágicos, encantados. Os fogos enchiam o céu. E não só ele, como os olhos de quem os via. Todos comemoravam a chegada do ano novo. Depois de algum tempo da queima de fogos, começou a chover. Ninguém se importava, todos comemoravam. O pai com a filha sobre seus ombros, o casal com o cachorro, a moça, que agora, comemorava junto com seus novos amigos. E tantos outros casais que se beijavam, amigos que se abraçavam, famílias que pulavam, todos comemoravam juntos uma data de recomeço, tudo novo, tudo alegre, tudo em paz. Todas aquelas pessoas unidas ali, numa esplendorosa queima de fogos de artifício que, de tão magnífica e maravilhosa, parecia não ter fim. Feliz 2011.

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