quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Frente de batalha russa

Andava sem rumo, numa terra cinzenta, escura, sem verde e sem esperança, onde tantas foram as mortes, onde tantas famílias perderam seus maridos, irmãos, filhos, amigos. Andava a esmo, esperando alguém que pudesse dizer-lhe o que houvera ali. Parecia, além de tudo, irônico. Tão meiga era a menina, vestida em num vestido azul de setim, desgastado pela caminhada, tão exaustiva que fora. Andava inconsequentemente por aquelas terras, procurando por alguém. Não mantia-se mais em pé. Deitava no chão, dormia. Acordava novamente, a fome lhe corroendo por dentro. Sete anos apenas. Três dias andando. Pensava na figura da mãe, dos dois irmãos mais velhos, o quão preocupados estariam? Fugira por uma justa causa, pensava, iria alcançar seu objetivo. Assim que conseguisse -e era, para ela, certo de que ia conseguir-  voltaria para o conforto e simpatia de sua casinha, seu lar. De repente, é encontrada por um soldado japonês, que mesmo sendo da nação rival, não sabia de nada, muito menos da nacionalidade da menina russa. Pergunta-lhe, em japonês sempre, porque tão linda menina, de cabelos claros e olhos azuis, andava numa frente de batalha. Sasha, a menina, não respondeu-lhe, por falta de conhecimento do idioma. Perguntava-lhe o soldado, a mesma coisa, desta vez em turco. A menina, por ter parentes da mesma região, entendeu e respondeu-lhe. Procurava o pai, general russo que tinha ido à uma terrível guerra contra a nação japonesa. Fazia um ano que não voltara. Sasha, desesperada, fugiu de casa à sua procura. Decidida a não voltar se não o encontrasse. O soldado, ainda não sabendo da identidade -nem da menina nem do pai- perguntou a ela o nome deste. Mikhail Dmítrievitch. O soldado então se lembrou. Estivera naquela batalha. Lembrava-se de ter dado um tiro serteiro em um general russo de mesmo nome. O general fez ao soldado um ultimo pedido. Depois de tê-lo feito, caiu morto. O soldado japonês se lembrou disso, contou à menina que havia visto seu pai. Além disso, falado com ele. 'Sasha', disse o soldado na língua turca, 'seu pai falou de você. Ele pediu para eu te dar uma coisa quando te encontrasse'. E naquele momento, esquecendo todas as rivalidades e hipocrisias que cercavam Rússia e Japão, o soldado japonês atendeu ao último pedido do General. E abraçou, com todo o seu amor, a menina russa que chorava em seus braços.

2 comentários:

mochileira² disse...

Oiii, tudo bem??
Muito obrigada pela visita =))
Realmente a viagem foi bem massa hehe (se puder, veja os vídeos)
E adorei os seus contos, você escreve muito bem.
Ahhh, se quiser, dê uma olhada nos meus outros blogs =)
Beijo

Ingrid disse...

ok pode deixar que eu vejo os vídeos se puder e também visito os seus outros blogs. Se forem tão divertidos quanto o primeiro, eu os visito todo dia. hehehe. Muito obrigada, você também escreve muito bem.
Beijo
Ingrid