sábado, 9 de outubro de 2010

Aline

               Saiu da TV. Havia enjoado. Dirigiu-se para a cozinha, onde se deparou com um par de potes de vidro. Um vazio, outro com doce de leite. Pegou o pote com doce de leite e o encarou como quem encara a um adversário. Abriu-o, olhou para o doce de leite, fechou-o e colocou-o no lugar. Repetiu mesmo processo pelo menos três vezes. Chegou à conclusão de que não estava com fome.
               Voltou para a TV onde pode ver mais algumas matérias em memória do aniversário de 1 ano de morte de Michael Jackson. Sinceramente, ela mesma não sabia por que voltara para ver mais conteúdos relacionados ao seu querido e tão amado Mike. Afinal, quando soube de sua morte, é claro, ficou triste, mas não se comoveu tanto, mas ao ver This Is It, quase caiu de joelhos e virou imediatamente uma fã incontestável, não uma poser qualquer (como seu amigo Sid costumava dizer). Não chorou durante o filme. Não. Pessoas comuns choram. Ela queria chorar também, queria muito, mas não conseguia. Ao invés disso, doía-lhe o coração, e ficava assim durante quase um ou dois meses, com um aperto no peito, apenas pensando no falecido e amado Michael.
               Mas essa dor não vinha apenas de músicas e histórias tão comoventes como as de Mike, poucos meses antes, este algoz que a acompanhava vinha da saudade que sentia dos amigos que deixara no Sul. Quando se mudou para o Rio de Janeiro, a contragosto, jurara que queria morrer. Afinal, havia largado sua vida para trás, e ela, tímida por natureza, sabia que encontraria dificuldades em conhecer novos amigos numa escola no Sul, quanto mais uma do outro lado do país, onde todos falavam diferente, se vestiam diferente, agiam diferente.
               Permaneceu um ano na cidade do Rio, agüentando calada sua dor com alguma esperança de um dia voltar para sua terra. Em seu segundo ano no Rio, já havia feito uma amiga. Uma. Mas esta, era carismática e conquistara sua simpatia. É, dava para agüentar. Mas ao meio do segundo ano, em meados de maio, ficara sabendo que o pai finalmente conseguira um emprego no Rio de Janeiro (a mãe já o havia feito há dois anos atrás, e, como eram casados, ela ia e voltava de avião toda semana até que ambos conseguissem bons empregos na cidade que chamam de maravilhosa). Os pais eram professores, ele, de Antropologia, ela, de Comunicação. Ela se orgulhava muito desse fato. O pai era seu mestre. Para ela, ele sabia de tudo, de todos os assuntos. Ambos os pais tinham uma visão mais crítica sobre o mundo, e, como se passa o DNA para os filhos, eles passaram essa visão crítica à sua filha mais velha.
               Voltando à questão das amizades. Ela, que andava quase sempre acompanhada de sua visão crítica, discordava de quase tudo que seus colegas (e professores) falavam. Era calada e retraída. Não tinha costume de falar.
               Tinha uma paixão. Esta, o desenho. Ela sabia que desenhava bem, e sabia igualmente que alguns, de mesma idade, desenhavam melhor do que ela, mas amava desenhar. Desenhar tudo: animais, flores, paisagens, roupas, pessoas, silhuetas de pessoas, rostos de pessoas imaginárias, enfim, desenhava de quase tudo. E gostava. Foi assim que começou a ganhar alguma (mas muito pouca) fama. A propósito, seu nome era Aline.

Apresentação

Olá. Meu nome é Ingrid e criei este blog para contar (ou escrever) alguns contos, crônicas, enfim, textos que eu escrevi. Começei a escrever há alguns meses, mas achei que as histórias estavam tendo uma recaída. sem mais o que fazer com elas, resolvi postá-las num blog. Afinal, porque não? Enfim, escreverei aqui os contos que venho criando ao longo dos tempos. Espero que gostem.
PS.: Não estou aqui para falar de mim, este blog é unica e somente destinado aos meus contos, meus personagens.

Beijos